Só nos últimos cinco anos, mais de 40 mil franceses mudaram-se para Portugal. E muitos deles estão a viver em Lisboa. Queremos ajudá-lo a conhecer os recantos mais bonitos da cidade e os monumentos onde se vai maravilhar. É o nosso guia para os segredos mais bem guardados de quem vive em Lisboa.
Aproveite a luz e o bom tempo
Há qualquer coisa na luz de Lisboa que é diferente das outras cidades. É verdade que, em média, Lisboa tem 290 dias sem chuva por ano. Além disso, as avenidas largas da Baixa, construídas pelo Marquês de Pombal após o terrível sismo que destruiu quase toda a cidade em 1755, fazem com que a luz circule, sem rédeas, iluminando quem a percorre.
Os passeios largos, feitos de calçada portuguesa (pedras irregulares de calcário preto e branco que formam padrões e desenhos), e as esplanadas do Rossio, do Terreiro do Paço e da Avenida da Liberdade convidam-no a deixar-se banhar por essa luz. Mas arrisque-se a subir a Alfama ou ao Castelo de São Jorge, onde a luz fica aprisionada nas vielas mais estreitas. Aqui está mais perto do céu. Observe a azáfama de quem trabalha ou o passeio de quem é turista, lá em baixo.
Lisboa
- Dias sem chuva (por ano): 290
- Temperatura máxima média: 15° (janeiro) a 28º (julho e agosto)
Fonte: NOAA e Pordata
Viver em Lisboa é ser vizinho do Tejo
Lisboa desmorona-se do alto das suas sete colinas sobre o Tejo, o maior rio da Península Ibérica, desde o Mar da Palha, no Parque das Nações, até à Linha de Cascais.
O atual Parque das Nações era uma antiga zona industrial, reconvertida em 1998 por ocasião da Exposição Universal dedicada aos Oceanos. O seu conceito urbanístico único aproveitou as infraestruturas criadas para a Expo e tornaram-no numa cidade dentro da cidade: o Altice Arena, com mais de 100 espetáculos por ano, e o Museu da Ciência convivem com dezenas de empresas e milhares de pessoas que aí estabeleceram as suas sedes e casas.
Seguindo para oeste, encontra-se o Braço de Prata, Xabregas, Penha de França até à estação de Santa Apolónia. Descobertos por artistas, boémios e investidores, estes bairros tradicionais estão a transformar-se em centros culturais e hubs de inovação.
Por fim, chegado ao Cais do Sodré, continue em direção a Belém, Carcavelos, Estoril e Cascais. Passe pelo Mosteiro dos Jerónimos, o palácio do Presidente da República e o Museu da Arte, Arquitetura e Tecnologia. Suba à Torre de Belém, a fortaleza quinhentista que defendia a entrada e saída do Tejo.
À volta de Lisboa
Enquanto se chega a Cascais, aproveite as praias com bandeira azul às portas da cidade. Passeie pelo Estoril, a vila da Europa que, durante a Segunda Guerra Mundial, teve mais espiões por metro quadrado.
Depois, parta para Sintra, património mundial da Unesco e capital do romantismo. Foi musa de poetas e romancistas e o Palácio da Pena, o Castelo dos Mouros e o Palácio Nacional são monumentos imperdíveis.
Viver em Lisboa é viver a noite
Em Portugal, a noite acaba tarde. Por isso, há sempre coisas para fazer. O jantar começa a ser servido às 7 da tarde. Contudo, se chegar a um restaurante às 11 da noite, vão recebê-lo com um sorriso. Depois, beba um vinho do Porto do ano em que nasceu no Solar do Vinho do Porto e suba até ao Bairro Alto para conhecer um dos bairros mais emblemáticos da capital. Aqui, conversa-se e bebe-se na rua. Se preferir, nos últimos anos, inauguraram-se imensos terraços, animados por DJ residentes, onde se pode beber um gin ou um café com uma vista deslumbrante sobre Lisboa. Não se esqueça de ver a agenda do Campo Pequeno, Coliseu, Centro Cultural de Belém, Cinema São Jorge, Fundação Gulbenkian e dos Teatros D. Maria II, São Luíz, São Carlos ou Tivoli, antes de definir o seu programa.
Chiu (este segredo fica só entre nós)…
Na verdade, a melhor maneira de viver em Lisboa é perdendo-se. Caminhe por entre as ruas mais estreitas e entrecruzadas de São Vicente de Fora, onde está o Panteão Nacional. Experimente lanchar em Campo de Ourique e passeie-se até às Amoreiras, mesmo à frente do Liceu Francês. Este foi o primeiro centro comercial da capital portuguesa e, ainda hoje, conserva uma aura de exclusividade que é procurada por quem o visita.
Arrisque meter conversa com os vendedores dos mercados, sobretudo aqueles que ainda não foram reconvertidos, como os de São Domingos de Benfica, Arroios ou Arco do Cego. Aí, nas ruas aparentemente menos interessantes, há uma Lisboa genuína que não vem nos guias turísticos. Só quem vive em Lisboa é que a conhece.