Onde ficar em Lisboa

Cidade versátil, Lisboa oferece diferentes ambientes e mostra as suas múltiplas personalidades em cada bairro. Para uma estadia cultural, tranquila, romântica ou de negócios, há vários sítios onde ficar em Lisboa.

Hotéis e alojamentos locais modernos ou tradicionais não faltam na Lisboa do século XXI, uma cidade altamente vocacionada para o turismo, seja no coração do movimentado Chiado ou na zona cultural de Belém. Mostramos-lhe onde ficar em Lisboa.

 

A cidade por dentro

Baixa

 Qualquer viajante tem ânsia de conhecer o novo e, para isso, não há nada como ficar hospedado no centro de uma cidade. Em Lisboa, definir o centro não é, no entanto, tarefa simples, já que cada bairro tem uma identidade tão forte que quase se autonomiza. Mas assumamos o eixo entre a Baixa Pombalina e o Chiado como o núcleo duro que mais fervilha e, por isso, um dos melhores locais onde ficar em Lisboa. Basta imaginar um dia a acordar e a adormecer nesta zona.

Começando pela alvorada, é muito provável que o som do elétrico e dos sinos de algumas igrejas — como a Igreja de São Nicolau ou a Basílica de Nossa Senhora dos Mártires — acompanhem o despertar. Acordamos, então, para o pequeno-almoço e para as melhores pastelarias da zona. Na Baixa, a incontornável Confeitaria Nacional (fundada em 1829 e classificada como monumento de interesse público) recebe os visitantes com 190 anos de experiência e o seu décor único de salão de chá.

O bolo-rei é uma das especialidades, mas toda a doçaria é cuidada e a típica torrada torna qualquer pequeno-almoço ou lanche num clássico português. Também o Café Gelo (onde se juntavam surrealistas portugueses na década de 1950) e o Nicola (um dos primeiros botequins da cidade, aberto por italianos no século XVIII e muito frequentado pelo poeta Bocage), no Rossio, ou a Casa Chinesa (uma pastelaria frequentada pelos locais, junto a uma loja de discos que acaba por musicar cada toma de café), na Rua do Ouro, são pastelarias a não perder.

Subindo até ao Chiado, há que entrar no café A Brasileira, explorando o ambiente e a história desta que foi a segunda casa de Fernando Pessoa. Já os croissants, diga-se, são melhores na vizinha (e até mais antiga do que a Brasileira) Bénard.

Se estiver hospedado num local com cozinha e quiser preparar o seu café de saco antes de sair, sentir o aroma do café a ser moído na quase centenária A Carioca (uma das Lojas com História de Lisboa), na Rua da Misericórdia, é uma ótima opção. Os cheiros marcam muitas e boas memórias.

As pastelarias e os cafés são um ponto fortíssimo da cultura portuguesa. “Fazer vida de café” é, aliás, uma expressão comum. Mas nem só de cafés vive o eixo Baixa-Chiado. Além da abundante música de rua, do comércio tradicional, das lojas de moda, dos restaurantes avant-garde e tradicionalíssimos (uns caros, outros perfeitamente em conta), a zona atrai por si só pela sua grande beleza. Passear a pé é, por isso, obrigatório.

Tal como o são estes pontos: o Miradouro de Santa Catarina e o Miradouro de São Pedro de Alcântara, de onde se têm das visões mais belas de Lisboa; o Bairro Alto, com a sua vida forte em vizinhança, restaurantes e bares; o Largo de São Carlos, onde se situa o Teatro Nacional com o mesmo nome e, a dois passos, o emblemático Teatro São Luiz; a Rua Augusta, a grande artéria pedonal e comercial da Baixa; a Praça do Comércio, cuja abertura imensa nos dá o Tejo; o neogótico Elevador de Santa Justa, que permite ter uma vista única da cidade; a Rua da Bica de Duarte Belo, com o seu mítico ascensor e o rio ao fundo; e o Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado. Muitos outros locais são de interesse máximo, mas pelo menos já sabe por onde começar.

 

Viver como um local

Castelo de São Jorge

Quer estar suficientemente perto do centro para poder deslocar-se a pé, mas suficientemente longe do reboliço da cidade? Nesse caso, certamente que as zonas da Graça, Campo de Ourique e Estrela serão boas escolhas. Tipicamente lisboetas, todos alimentados pelos elétricos e bastante tranquilos, estes três núcleos de ambiente familiar primam pelo comércio local e pela vida de bairro.

Comecemos pela Graça, que deixa ver a cidade do alto, desde o Miradouro da Senhora do Monte ou o Miradouro Sophia de Mello Breyner Andresen, dois dos mais bonitos de Lisboa. A Graça é um dos melhores locais onde ficar em Lisboa não só por se situar no topo de uma colina cheia de luz, mas também porque permite ter como rotina o famoso elétrico 28 e porque está a dois passos de alguns locais vibrantes e obrigatórios da capital portuguesa, como a Feira da Ladra, o Panteão Nacional, os bares (como a Casa Independente) e a vida movimentada do Intendente e, muito perto, o bar e sala de concertos Damas.

Numa vertente mais tradicional, poderá encontrar vários restaurantes (a Casa de Pasto O João, o Cardoso da Estrela de Ouro e O Satélite são três bons exemplos) garantidamente com ADN português. E terá ainda oportunidade de comer os pastéis de bacalhau da dona Laura e ouvir histórias de vida na Tasca do Jaime, um restaurante onde o fado vadio — uma espécie de fado popular e improvisado — é rei todos os domingos.

Campo de Ourique também convida a esta vida pacata. Comprovam-no as pastelarias de bairro e os pequenos restaurantes, ou os espaços públicos destinados ao lazer, como o Jardim Teófilo Braga (Jardim da Parada). Ao mesmo tempo, é um local onde ficar em Lisboa com pontos turísticos de muito interesse, como o Cemitério dos Prazeres, onde estão sepultadas figuras de peso da história e cultura portuguesas (são os casos do escritor José Cardoso Pires ou do político Mário Soares); a Casa Fernando Pessoa, onde o escritor português viveu os seus últimos 15 anos e que hoje homenageia e expõe aspetos da sua vida literária; ou o Mercado de Campo de Ourique, uma infraestrutura inaugurada nos anos de 1930 para abastecer a população do bairro e que hoje oferece espaços de restauração e experiências gourmet.

Campo de Ourique conta ainda com a presença do velhinho elétrico 28, com a vida contemplativa na pastelaria A Tentadora (um marco da Arte Nova na cidade), e com os petiscos e noites animadas da cooperativa centenária A Padaria do Povo, um clássico do bairro.

A dois passos está a Estrela, zona alimentada por duas imagens fortes da cultura alfacinha: a Basílica da Estrela e o Jardim da Estrela. A Basílica foi construída em 1779 e é uma espécie de réplica simplificada do Palácio Nacional de Mafra (classificado Património Mundial pela UNESCO), envolvendo com o seu interior barroco, caracterizado pelas pinturas de Pompeu Botoni e Pedro Alexandrino. De vários pontos da cidade, consegue ver-se a sua grande cúpula esbranquiçada, pelo que este é um elemento da paisagem que acompanha qualquer visita a Lisboa.

Em frente a este monumento, abrem-se os portões do gracioso Jardim da Estrela, um local de inspiração romântica (aberto ao público desde 1852), com as suas esculturas e recantos convidando ao passeio. E já que falamos em jardins, destaca-se ainda o espaço amplo — são 10 hectares — da Tapada das Necessidades que, curiosamente, já serviu de espaço de caça para a realeza e é hoje um local privilegiado para piqueniques solarengos.

 

Viagem de negócios

Parque Eduardo VII

Avenidas Novas é o nome de uma das freguesias mais ligadas ao mundo dos negócios em Lisboa. A zona começa na Avenida da Liberdade, eixo nevrálgico da cidade onde se instalam algumas das marcas mais reputadas, e termina no Campo Grande, abrangendo locais de referência como a Praça do Marquês de Pombal, o Parque Eduardo VII, o Campo Pequeno, a Praça de Espanha, Picoas ou as Amoreiras.

Com caminhadas mais ou menos curtas, é possível deslocar-se de qualquer um destes pontos até ao Chiado ou à Baixa Pombalina, para um passeio, mas as Avenidas Novas também exibem um bom portefólio de visita. O Museu Calouste Gulbenkian, por exemplo, é um dos centros de arte mais relevantes da capital, envolvido por um dos jardins mais apreciados da cidade.

Muito perto, ergue-se o mundo das compras, com os sete pisos dos armazéns do El Corte Inglés. À noite, poderá, ainda, ir ao cinema numa das poucas salas independentes da cidade, o Nimas, assistir a um espetáculo na Culturgest ou a um concerto na sala do Campo Pequeno (Praça de Touros). E a qualquer hora poderá simplesmente descer a Avenida da Liberdade e apreciar o movimento a partir de um dos seus quiosques com esplanada.

Mas existe ainda outra zona que se destaca como centro de negócios, o Parque das Nações, situado no extremo oriental da cidade, junto ao rio Tejo. Inaugurado em 1998 como uma das maiores obras de Lisboa, com o objetivo de acolher o grande evento Expo 98, este é um espaço à parte, onde a arquitetura contemporânea se assume como um importante motivo de visita — é o caso do Pavilhão de Portugal, assinado por Álvaro Siza Vieira. No Parque das Nações, poderá ainda romper com o cimento citadino para ver raias e tubarões no Oceanário de Lisboa, correr nos 80 hectares do Parque Tejo ou andar de teleférico sobre o rio.

 

No círculo cultural

Torre de Belém

Embora os museus e salas de espetáculo estejam espalhados um pouco por toda a cidade, Belém assume-se como um concentrado cultural de particular interesse. Esta é, muito por isso, uma zona a ter em conta quando planear onde ficar em Lisboa.

Se a proximidade com o rio confere um ambiente convidativo ao passeio (uma longa ciclovia ribeirinha percorre toda a zona), locais como o Centro Cultural de Belém, o Museu de Artes, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), o Museu Nacional dos Coches e o Mosteiro dos Jerónimos (cuja parte oitocentista é ocupada pelo Museu Nacional de Arqueologia) conferem-lhe uma aura cultural e artística quase inigualável. E podemos, ainda, incluir um outro museu no roteiro, este a céu aberto, o Jardim Botânico Tropical, criado em 1906 com funções didáticas acerca das espécies botânicas que então povoavam o mundo colonial português.

Mas também quanto ao património monumental, Belém é um local de enorme riqueza, contando com os exemplos emblemáticos da Torre de Belém e do Padrão dos Descobrimentos, intimamente ligados ao período de exploração marítima por parte dos portugueses, e com a incrível Biblioteca Nacional da Ajuda, uma das mais antigas do país.

Não se esqueça, ainda, de passar pelos Pastéis de Belém, uma casa que, desde 1837, esconde muito bem guardada a receita da figura mais famosa da pastelaria portuguesa.

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