Curiosidades de Portugal: 9 coisas que nunca imaginou saber

Com uma área total de 92.149 Km2 e menos de 900 quilómetros de norte a sul no território continental, Portugal é um país rico em tradições, lendas que tanto nos espantam como nos fazem rir. Preparámos uma lista das principais curiosidades de Portugal.

Sabia que este território à beira-mar plantado foi o primeiro país do mundo a abolir a escravatura? É apenas uma entre um total de 9 curiosidades de Portugal, que escolhemos para si. Saiba quais são.

1. Portugal é o Estado-Nação mais antigo da Europa e um dos mais antigos países do mundo

Pode parecer curioso e é mesmo. Portugal foi declarado como Reino de Portugal em 1139 e, desde 1297, a delimitação do seu território ficou definida no Tratado de Alcanizes, tornando-se assim um Estado-Nação oficial. Podemos descender de um rei, que até pode não ter resultado da união de D. Henrique e de D. Teresa, como agora alguns historiadores questionam, mas uma coisa é certa: D. Afonso Henriques terá sido o primeiro na Europa a garantir o reconhecimento do seu território como Estado-Nação.

2. A receita de tempura é portuguesa e foi exportada para o Japão

tempura

Parece impossível, mas tudo se deve aos missionários portugueses instalados em Nagasaki, que ali introduziram a receita. Em tempos de quaresma, estes religiosos não ingeriam carne vermelha, privilegiando o consumo de vegetais e de frutos do mar, com os quais é realizada a receita. “Ad tempora quadragesimae”, em latim, explica a origem da palavra tempura.

Semelhante ao tradicional petisco que ainda hoje encontramos nas mesas dos restaurantes de comida tradicional portuguesa, “peixinhos da horta”, a tempura consiste em pedaços fritos de vegetais ou mariscos envoltos em massa fina e rapidamente se popularizou entre o povo japonês. Uma curiosidade de Portugal que fica para não esquecermos.

3. Temos a mais antiga livraria do mundo

livraria

Apesar de a taxa de analfabetismo em Portugal ser muito elevada — cerca de 5,2% e uma das mais altas da Europa — no centro de Lisboa, em pleno Chiado, ergue-se a mais antiga livraria do mundo, a Bertrand. O facto não podia ser mais curioso, mas a verdade é que ali já se vendem livros há quase 300 anos, desde 1732, quando Pedro Faure abriu portas àquela que pouco depois seria conhecida como o El Dorado dos livreiros.

Na década de 50, Faure casaria a filha com Pierre Bertrand e com ele viria o irmão, Jean Joseph, dando-se então início à dinastia Bertrand. O final do século assistiria à morte dos dois irmãos e à ascensão das mulheres na governação daquele espaço — Maria Bertrand e mais tarde a nora tomaram a rédea do destino da livraria.

A Bertrand tornou-se ponto de passagem obrigatório da elite intelectual das diferentes épocas — por ali passaram Bocage, Curvo Semedo e Alexandre Herculano. Eça de Queiroz, Antero de Quental e Ramalho Ortigão fariam deste espaço um centro de encontro e de tertúlia, formando a famosa Geração de 70, que ali debatia política e literatura.

Com o desaparecimento do último Bertrand, José Fontana, o livreiro da casa, assumiria a posição, lançando as famosas Conferências do Casino em parceria com Antero de Quental, mas em 1876, tuberculoso e desiludido com a vida política, suicidar-se-ia no armazém da livraria, exatamente onde hoje se encontra o café. A Bertrand prevaleceria no entanto, conduzida por Nobre França, José Bastos, os Aillaud e finalmente Artur Brandão.

Em 2011, a Bertrand era reconhecida internacionalmente como a mais antiga livraria do Mundo, figurando a partir de então no Guiness World Records. O mais curioso nesta livraria é que, além de constituir um refúgio para a criatividade e genialidade da elite intelectual portuguesa, faz ela própria parte da história nacional e até europeia/mundial, tendo assistido ao Terramoto de 1755, à guerra civil, ao regicídio, à implantação da república e à unificação da Europa.

4. A calçada portuguesa deve-se a um rinoceronte branco

calcada

Ganga, o rinoceronte mais famoso de todos os tempos, é também o exemplo de uma das mais espantosas curiosidades de Portugal e que está na origem da calçada portuguesa. Por decisão de D. Manuel I, como ficou registado nas cartas régias de 20 de agosto de 1498 e de 8 de maio de 1500, procedeu-se ao início do calcetamento das ruas de Lisboa. Naquela época preparava-se o cortejo do rei, com a presença de figurantes que exibiam as novas riquezas provenientes do Oriente.

Integrado na exuberante demonstração do exotismo estava Ganga, um rinoceronte branco que surgiria ornamentado e que mais tarde seria oferecido pelo rei ao Papa Leão X e que, em viagem até este, haveria de naufragar junto à costa italiana. Ora, estando prevista a celebração para janeiro, e com as ruas enlameadas, decidiu-se que as mesmas fossem, então, calcetadas para evitar que Ganga ao calcar o chão com as suas pesadas patas espalhasse lama pela comitiva e por si próprio.

5. Curiosas expressões portuguesas e as suas origens

expressoes

Quem não ouviu ainda a expressão ‘Maria vai com as outras’? Todos sabemos que traduz a ideia de uma certa falta de personalidade, expressão normalmente dirigida a quem não pensa pela própria cabeça e se junta à maioria, por pensar que essa será a melhor opção.

O que a maior parte das pessoas desconhece é que esta expressão nasce ainda no seio da corte de D. Maria I, mãe de D. João VI, que viria a enlouquecer e, por isso, seria afastada do trono e condenada a viver em recolhimento. Naquela altura, a rainha era apenas avistada de vez em quando e acompanhada de numerosas damas da corte. O povo, quando a via dizia ‘lá vai D. Maria, com as outras’.

‘Rés-vés Campo de Ourique’, outra expressão portuguesa ainda muito utilizada e que traduz a ideia de algo que está mesmo no limite, na fronteira de qualquer coisa. Saiba que a expressão remonta ao Terramoto de 1755, um evento que assolou Lisboa e que destruiu a cidade até Campo de Ourique, bairro da capital que ficou intacto. Surpreendido?

‘Ficar a ver navios’ é a expressão que utilizamos quando aguardamos algo que acaba por não acontecer, frustrando as nossas expectativas. A expressão deriva também do passado, mais precisamente da época que ficou marcada pelo desaparecimento de D. Sebastião em 1578. Parece que naquela época o “desejado” era tão desejado que o povo se reunia no Alto de Santa Catarina a ver os navios que chegavam e a esperar que de um deles surgisse o rei que nunca regressou.

Há ainda quem explique esta expressão com base num outro contexto histórico — o das invasões francesas e da fuga da família real portuguesa para o Brasil. Naquela altura, do alto de uma das colinas de Lisboa, as tropas francesas observaram a partida da família real, que fugia assim à sua captura, deixando-as literalmente… a ver navios!

6. Tea (chá, em inglês) deriva da abreviatura de Transporte de Ervas Aromáticas

cha

As palavras acima descritas estavam gravadas nas caixas que Catarina de Bragança levou para Inglaterra, juntamente com o dote oferecido por ocasião do seu casamento com Charles II. Dentro desta caixa estavam folhas destinadas a fazer chá. Em Portugal, a ingestão de chá já era um hábito dos mais ricos, muito antes de a filha de D. João IV partir rumo às ilhas britânicas, tendo sido ela a responsável pelo enraizamento deste costume na sociedade inglesa.

Uma vez apresentado com todo o seu ritual de elegância e delicadeza, o cerimonial do chá passou a ser associado à alta aristocracia, pelo que passou a ser copiado por aqueles que desejavam estar perto ou movimentar-se na mesma esfera que as classes mais altas da sociedade inglesa.

Por isso, esqueça a ideia do chá das cinco como tradição britânica. Foi Catarina de Bragança quem introduziu o hábito nas ilhas britânicas e Portugal, com as suas ligações culturais a todo o mundo — neste caso o Japão, de onde chegavam as maravilhosas folhas de chá — esteve na génese de um costume que julgávamos ser inglês.

7. Durante 800 anos existiu um microestado entre Portugal e Espanha

serra-laroucoOutra grande curiosidade sobre Portugal. Couto Misto, como era chamado, consistia numa pequena área fronteiriça de cerca de 27 Km2, localizada no norte da Serra do Larouco. A sua organização era independente e não dependia nem da coroa portuguesa nem da espanhola.

Acolhia foragidos da justiça de ambos os territórios vizinhos e não fornecia soldados a qualquer um deles, mas era também isento do pagamento de impostos, podendo comercializar livremente e cultivar o que entendesse. Os seus habitantes eram livres de escolher a própria nacionalidade – portuguesa ou espanhola.

Este microestado funcionou em plena independência, entre o século X e 1868. Em 1869, o Tratado de Lisboa entrou em vigor e estabeleceu que os domínios correspondentes às atuais aldeias de Santiago e Rubiás passavam para a soberania espanhola e os domínios das atuais aldeias de Souteirinho da Ria, Cambedo e Lama de Arcos para a portuguesa.

8. Portugal foi o primeiro país a abolir a escravatura

Pode parecer incrível dado o papel que o nosso país assumiu no passado, fazendo comércio de negreiros, mas Portugal foi, de facto, o primeiro país a avançar com a criminalização da escravatura. Primeiro fê-lo em 1570, quando D. Sebastião, influenciado pelos Jesuítas, proibiu a escravidão de ameríndios sob o domínio português.

O ano de 1595 marcaria o final do tráfego de escravos chineses e em 1761 Marquês de Pombal decretaria o fim da importação de escravos provenientes das colónias para a metrópole (negros e indianos).

9. O Estoril como centro mundial de espionagem na Segunda Guerra Mundial

espionagem

Já foi há muito tempo e há quem nunca tenha vindo a saber, mas, em plena Segunda Grande Guerra, o Estoril foi palco de congeminações, de espionagem e de muita intriga internacional. Para ali tinham-se recolhido reis, príncipes, atores, escritores e, obviamente, espiões. Na realidade, enquanto a guerra era travada além-fronteiras, o Estoril vivia uma época de glamour, também com muitos fugitivos de guerra e até perseguidos a fazer tudo para se colocar a salvo em terras portuguesas.

Disfarçados de diplomatas, agentes secretos de ambos os lados cruzavam-se com refugiados abastados e reputados. Naquela altura, os hotéis Atlântico, o Grande Hotel do Monte Estoril e o Hotel do Parque ficaram marcados como local de esconderijo alemão. A receber os aliados, erguia-se o Grande Hotel de Itália e o Hotel Palácio.

Entre as celebridades presentes neste reduto de elegância e de riqueza, incluem-se Ian Fleming, criador da personagem James Bond, que ali viveu enquanto trabalhava para o Naval Intelligence Department, Zsa Zsa Gabor e Leslie Howard, que colaborou com os aliados. Juan Pujol Garcia, “Garbo” para o MI5, também por ali se movimentou, chegando a trabalhar para os serviços secretos alemão e britânico e desempenhando um papel determinante no desembarque dos aliados na Europa.

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