O arquipélago da Madeira é composto por duas ilhas habitáveis com cenários naturais estonteantes. Para quem procura um modo de vida diferente do que existe no continente, viver na Madeira pode ser apelativo, mas importa ter noção de vários fatores. Foi a pensar nisso que preparámos a listagem que se segue.
O que tem mesmo de saber
1. Localização geográfica
A localização geográfica é o primeiro desafio para quem pensa morar na Madeira. A aproximadamente 1000 km do continente europeu e a 500 km do continente africano, a Madeira é um arquipélago que compreende quatro grupos de ilhas: Madeira, Porto Santo, Desertas e Selvagens. Apenas as duas maiores ilhas (Madeira e Porto Santo) são habitadas. As outras ilhas (Desertas e Selvagens) são reservas naturais.
Para algumas pessoas, viver rodeado de mar poderá ser um sonho, mas, para outras, pode ser responsável por uma sensação de isolamento. Sobretudo se tivermos em conta o tamanho das ilhas: a da Madeira tem uma área de 741 km2, 57 km de comprimento e 22 km de largura, enquanto a do Porto Santo tem uma área de 42,48 km², com 11 km de comprimento e 6 km de largura. Embora existam voos regulares para o continente — subsidiados para os residentes —, o preço dos voos é pouco convidativo a viagens frequentes.
2. Trânsito e deslocações
Se, para si, qualidade de vida é sinónimo de segurança, tranquilidade, beleza natural e pouco trânsito, então viver na Madeira pode ser uma boa opção. Longe do rebuliço de Lisboa e Porto, aqui reina a pacatez e a calma. Em vez de horas passadas no trânsito, aqui há um encurtar das distâncias entre casa e trabalho, com mais tempo a poder ser dedicado aos momentos em família. Como contraponto, a mobilidade urbana deixa algo a desejar: sem a existência de metro, a atenção recai sobre o autocarro. Há trajetos regulares de e para o Funchal, mas, nas cidades mais pequenas, a frequência é menor. As viagens de táxi — ou abelhinha, como se diz em linguagem regional —, como em qualquer outro local, são mais indicadas para distâncias curtas. Desde novembro de 2019, a Uber também está presente na ilha da Madeira (não em Porto Santo).
3. Clima ameno mas instável
A Ilha da Madeira caracteriza-se por um espantoso clima ameno ao longo de todo o ano — 25° C no verão e 17° C no inverno — com temperaturas médias muito suaves e uma humidade moderada. Conte também com uma série de microclimas diferentes. Isto significa que, em poucos quilómetros, pode passar por vários cenários diferentes: se lhe apetecer passear, tem tempo fresco para acompanhar as levadas pelas montanhas; se preferir dar um passeio de barco, o sol e as águas quentes convidam a dar um mergulho. A vertente sul tem mais sol e a vertente norte é mais húmida, por isso, os seus passeios podem ser praticamente planeados ao grau centígrado. No Porto Santo, o clima tende a ser mais seco, mas nunca há demasiado calor.
4. Custo de vida e mercado de trabalho
Os preços mais reduzidos das casas e da alimentação contribuem para um custo de vida inferior ao do continente, sobretudo se comparado com o de cidades como Lisboa e Porto. O IVA é ligeiramente mais baixo na Madeira do que no continente (22%, 12% e 5% de taxa normal, intermédia e reduzida, respetivamente, comparando com 23%, 13% e 6% no continente) e o facto de não haver portagens e as distâncias serem curtas também contribui para um decréscimo das despesas mensais. Este é um dos grandes atrativos para quem pensa viver na Madeira. No entanto, importa também ter em conta que o mercado de trabalho é mais limitado. As áreas fortes são as ligadas ao turismo, hotelaria e restauração, além do funcionalismo público.
5. Comércio e cuidados de saúde
O Funchal é uma cidade cosmopolita e, com o boom do turismo nos últimos anos, tem vindo a modernizar-se cada vez mais. O comércio reflete esta realidade, com uma oferta crescente de produtos variados, que deixa para trás os tempos em que era difícil fazer compras nas ilhas. Claro que nunca há tanta variedade como no continente, mas a tendência é de uma oferta crescente.
No que toca aos cuidados de saúde, os habitantes da Madeira e Porto Santo têm ao seu dispor uma rede de 47 centros de saúde que tem vindo a ser reestruturada e podem também contar com vários hospitais públicos e clínicas privadas. Também aqui a tendência é de modernização crescente.
6. Turismo de natureza
Das levadas à floresta da laurissilva, passando pelas maravilhosas praias e pelas ilhas Desertas e Selvagens, o arquipélago da Madeira é um autêntico convite ao turismo de natureza. Com a meteorologia como aliada, aqui é possível praticar todo o tipo de atividades desportivas e de lazer, ao ar livre, em qualquer época do ano.
Com uma temperatura de mar que varia entre os 19.º e os 24.ºC, estão reunidas condições fantásticas para a prática de snorkeling, mergulho, vela, surf, windsurf e pesca desportiva, durante todo o ano. Também poderá apanhar as melhores ondas da Europa nas praias do Jardim do Mar, Fajã da Areia (São Vicente) ou do Porto da Cruz ou partir num passeio de barco ao longo da costa, de onde poderá observar os golfinhos, as baleias e os lobos-marinhos que cruzam os mares madeirenses.
Se procura sensações mais fortes, pode sobrevoar a ilha de parapente ou de asa-delta, descobrir o interior das montanhas através da prática de canyoning, escalar os picos mais altos, partir numa aventura todo-o-terreno, tirar partido da adrenalina de um jet-ski ou usufruir da sensação de liberdade que o kitesurf oferece.
Se prefere atividades mais tranquilas, o golfe, o trekking e os passeios a pé assumem-se como excelentes alternativas para conhecer, de perto, as características naturais deste arquipélago verdejante.
Pode, ainda, descobrir o impressionante mosaico vegetal num passeio ao longo de uma das muitas levadas e dos trilhos nidificados no âmago da floresta Laurissilva, classificada pela UNESCO como Património Natural Mundial da Humanidade. Esta floresta, pela sua beleza e diversidade paisagística, foi considerada uma das Sete Maravilhas Naturais de Portugal.
7. População idosa e regionalismos
Portugal tem uma população envelhecida e o arquipélago da Madeira não é exceção a esta regra. Na Madeira poderá encontrar uma população altamente religiosa e hábil na arte de usar regionalismos. Por exemplo, “bilhardar” significa coscuvilhar e cão diz-se “grade”. Os regionalismos fazem parte do registo linguístico do arquipélago da Madeira e são mais um fator a que terá de se adaptar se quiser mudar-se para a Madeira.