A pergunta Porto ou Lisboa não tem uma resposta. A verdade é que, apesar de terem características bastante diferentes, têm um grande ponto em comum: ambas são encantadoras.
Lisboa
Capital portuguesa, Lisboa (ou a cidade das sete colinas) goza de uma cultura rica e muito diversificada, com uma oferta artística profícua e uma miríade de teatros, museus, parques e atividades de lazer muito interessantes. Considerada uma cidade internacional, é a sétima mais visitada do sul da Europa, provavelmente devido ao clima mediterrânico de que desfruta.
Em Lisboa, encontramos o casamento perfeito entre o passado e o futuro, o clássico e o moderno. Trata-se de uma cidade onde o custo de vida é mais elevado do que no Porto, mas a seu favor tem a luz e o sol que lhe são próprios.
Porto
A cerca de 300 quilómetros a norte de Lisboa, o Porto vive as estações do ano de um modo mais marcado, com um inverno bastante frio e chuvoso e um verão seco e quente. Famosa pelo centro histórico, pela gastronomia e pelo vinho, esta cidade é perfeita para caminhar.
Qualquer passeio pode transformar-se numa verdadeira descoberta de património, de gentes e de tradições, ainda mais presentes aqui do que em Lisboa. Ouvir o sotaque do Porto enquanto se deambula pelas suas ruas ou se vai às compras pode ser, nas circunstâncias certas, um momento que nos deixa bem-dispostos para o resto do dia.
Cidade segura, prima pelas paisagens exuberantes e pela qualidade de vida, que acabam por contrabalançar com o clima húmido e chuvoso do inverno.
Porto ou Lisboa: as diferenças
As vistas
Porto ou Lisboa? Ambas as cidades nasceram em colinas que se erguem junto aos rios e por isso será fácil imaginar que as vistas que proporcionam serão magníficas. E são mesmo! Neste domínio, é de facto difícil escolher a que mais apreciamos.
Em Lisboa contam-se os miradouros, que, desde as Portas do Sol, em Alfama, revelam verdadeiros paraísos preenchidos de telhados de telha que se sucedem até ao Tejo. Do terraço que se ergue em frente à Igreja da Graça podemos também avistar grande parte da baixa, que se desenrola aos nossos olhos até São Pedro de Alcântara.
No Porto, a preferência vai geralmente para o miradouro de Nossa Senhora do Pilar, onde a vista sobre o rio, as casas da Ribeira e a cidade que ali se ergue impressionam a cada momento do dia. A subida à Torre dos Clérigos, com 76 metros de altura, também proporciona um panorama inesquecível.
Douro e Tejo
Debruçadas sobre os famosos rios que correm para o Atlântico chegados de território espanhol, Lisboa e o Porto apresentam panoramas dignos de registo. O Tejo estende-se em frente à primeira, constituindo um dos maiores estuários da Europa onde se pode apreciar uma vida selvagem diversificada, pontuada aqui e ali por golfinhos e flamingos.
O Porto nasce nas margens do Douro, com os olhos pousados sobre os barcos rabelos que em tempos transportavam as pipas de vinho provenientes das casas vinhateiras e que agora funcionam como elemento de entretenimento.
Tripeiros e alfacinhas
Comecemos pelo início e descubramos o porquê dos nomes. Conta a lenda que em 1415, quando D. João I partiu rumo a Ceuta para iniciar o que viria a transformar-se na expansão marítima e colonial, os habitantes do Porto desempenharam um importante papel.
Além de se envolverem intensamente na construção dos navios, forneceram tudo o que tinham de mantimentos para a frota, principalmente carne, que, depois de limpa, foi salgada e guardada nas embarcações. O Porto ficava assim sem os próprios mantimentos, restando-lhe apenas as tripas, que aprendeu a cozinhar e que viriam a tornar-se um prato típico daquela região.
Em Lisboa, pensa-se que os alfacinhas herdaram a alcunha por as colinas lisboetas serem abundantes em alfaces, que então eram utilizadas não só na culinária, mas também na medicina e na perfumaria. Há ainda quem diga que foram os moradores dos arredores de Lisboa que assim batizaram os lisboetas quando se cansaram de serem por eles chamados de saloios.
Parece que ao vê-los a passear nas suas roupas domingueiras, cheios de laços farfalhudos, chegaram à conclusão que mais lhes parecia que traziam umas verdadeiras alfaces ao pescoço e, a partir daí, ficou a alcunha até hoje.
Os bairros
Lisboa é normalmente designada como uma “cidade de bairros” — mas o bairro aqui não é apenas considerado uma subdivisão da cidade, mas mais uma comunhão de laços que se criam para quem habita nesses bairros, quase como se fosse uma família. Assim, na capital, encontramos vários bairros populares, como o Bairro Alto, a Graça e a Mouraria, mas talvez o mais icónico de todos seja mesmo o de Alfama, onde nasceu o fado. Esculpido predominantemente em calcário, tem um casario colorido em tons pastel recuperado da era medieval.
No Porto, os bairros têm outros nomes. Entre os principais estão a Baixa do Porto, Cedofeita, Massarelos ou Boavista, mas mais característico é sem dúvida a Ribeira, também ela debruçada sobre o rio, mas, contrariamente a Alfama, veste-se de granitos cinzentos e de tonalidades mais sombrias, preferindo as fachadas de azulejo.
Em virtude da reputação que ultimamente alcançou níveis internacionais, Alfama encontra-se um passo adiante no que diz respeito à sua popularidade, com as ruas mais preenchidas de turistas curiosos e de lojas de souvenirs, ao invés de mercearias típicas. Já a Ribeira consegue manter ainda muito da tradição ancestral, como acontece, por exemplo, com as suas tabernas, que se mantêm e perpetuam também a tradição das gentes do norte.
Porto ou Lisboa: qual praia?
Tanto o Porto como Lisboa beneficiam da proximidade do Oceano Atlântico e, por isso, têm praias paradisíacas. A sul há sempre a Costa da Caparica, que num dia sem trânsito é acessível de automóvel em cerca de meia-hora, ou ainda a costa da Arrábida logo a seguir a Sesimbra, e ainda as praias do Meco.
Do lado de cá do Tejo, se subirmos pela costa alcançamos as praias onde o Atlântico é mais calmo, como na linha de Cascais, seguindo-se as praias do Guincho, da Praia Grande, já em Sintra, e, mais a norte, da Ericeira.
No Porto, o Douro encontra o oceano mesmo em cima da cidade, proporcionando algumas das melhores praias urbanas do país. A Foz é, ela própria, uma zona elegante da cidade. A sul do Douro encontramos as margens de Espinho, com cerca de 15 quilómetros de praias em excelentes condições. A diferença está na temperatura da água: a norte é significativamente mais fria.
Imperial ou fino?
Se até os sotaques são diferentes entre o Porto e Lisboa, com o português mais cantado no norte e as sílabas mais “engolidas” no sul, também os termos são distintos de um ponto para o outro. Uma imperial em Lisboa vale um fino no Porto e estas diferenças servem também as rivalidades entre norte e sul, a afirmar-se que no Porto se trabalha mais do que em Lisboa.
Nesta batalha é claro que também os clubes de futebol entram, com o Futebol Clube do Porto a rivalizar com o Benfica e o Sporting, por vezes até excessivamente.
Porto ou ginjinha?
Por muito agradável que seja descer até à Praça do Rossio, na baixa lisboeta, para desfrutar da ginjinha, uma bebida licorosa feita a partir de ginjas, a experiência não se compara a uma ida às caves nortenhas para beber um vinho do Porto, bebida apreciada ao longo de séculos pela aristocracia inglesa, pelos czares russos e por conhecedores de todo o Mundo.
Porto ou Lisboa: os melhores cafés
No norte, a bebida chama-se cimbalino e em Lisboa tem o nome de bica, mas não é exatamente a isto que nos referimos quando procuramos perceber onde se situam os melhores cafés. Na verdade procuramos os melhores espaços, os mais típicos, elegantes, carismáticos. Estarão no Porto ou em Lisboa?
A resposta não podia ser mais simples: nas duas. No Porto, não passamos sem o Café Guarany, Art Deco, nascido em 1933 e conhecido por ser o café dos músicos, mas queremos sobretudo regressar ao carismático Majestic, um clássico do estilo Belle Époque que permanece como ponto de referência a quem visite o Porto.
Em Lisboa, é a Confeitaria Nacional, aberta desde 1829, a Brasileira, no Chiado, a distinta Versailles, no Saldanha, e a Bénard também no Chiado, que guardam a referência de representar os mais emblemáticos locais de reunião em torno de um chá ou de um café.