Os nómadas digitais chegam de todos os pontos do mundo, têm uma ocupação própria e vêm ávidos por conhecer mais aprofundadamente as gentes locais. Utimamente, têm apostado em Portugal como a base para o seu trabalho.
Quem são os nómadas digitais
Os nómadas digitais são trabalhadores que, por apenas necessitarem de um computador ou tablet para desempenhar a sua atividade profissional, podem fixar-se em qualquer ponto do mapa. São normalmente pessoas que gostam de viajar e aproveitam o facto de poderem trabalhar à distância, para conhecer diferentes sítios.
Se, antigamente, eram vistos como turistas sui generis, agora já ninguém os vê do mesmo modo, sabendo que de turistas têm pouco e que representam uma comunidade que, apesar de se encontrar em constante movimento, mobiliza a economia dos países que visita e, sobretudo, encarna um novo paradigma laboral.
Antes da pandemia ainda representavam uma considerável minoria de certo modo incompreendida, mas agora constituem já uma parte do tecido nacional.
Empresas como a Google, Twitter, Uber e Airbnb decidiram já que farão do teletrabalho uma realidade mais permanente, independentemente do período de pandemia e que esta realidade se manterá, o que aponta para um crescimento desta nova realidade.
As principais razões para que, então, estes nómadas digitais, escolham o nosso país para se estabelecerem durante algum tempo são de certo modo óbvias, mas a verdade é que também se revelam surpreendentes. São elas:
1. Clima temperado
Não é segredo nenhum que o clima português sempre apaixonou quem chega a Portugal pela primeira vez. Com efeito, o bom tempo que se verifica ao longo de praticamente todo o ano, faz com que os nómadas digitais escolham o nosso país como destino, não só para trabalhar, mas também para desfrutar nas horas livres.
Com uma agenda muitas vezes elaborada pelos próprios, conseguem assim desenvolver a sua atividade profissional e ao mesmo tempo usufruir de uma das mais favoráveis qualidades nacionais: o clima.
2. Preços acessíveis
Desfrutar de um verdadeiro paraíso a preços acessíveis é outro fator que tem vindo a levar a Portugal uma considerável percentagem de nómadas digitais. Por valores comparativamente mais baixos aos dos seus países de origem, torna-se possível arrendar um apartamento ou um quarto e ao mesmo tempo viajar pelo território nacional ou estabelecer-se por uma temporada numa das principais cidades.
Os nómadas digitais distinguem-se de variadíssimos modos dos clássicos turistas, que chegam com um tempo limitado e que nem sempre encontram possibilidade de aprofundar a sua relação com o meio que encontram.
Além de prolongarem a sua estada nos países por onde vão passando muito além do que o comum turista costuma fazer, os nómadas digitais procuram também a oportunidade de se integrar, mesmo que durante pouco tempo, na comunidade onde se encontram, razão pela qual a acessibilidade de preços/valores constitui uma mais-valia no momento em que escolhem Portugal para a sua próxima estada.
Há também cadeias hoteleiras que se aperceberam do aumento da procura deste nicho de mercado e que deste modo têm ajudado a manter as suas portas abertas, sendo-lhes disponibilizados espaços gratuitos de cowork.
Estes lugares apostam na criação de espaços tranquilos que proporcionam as condições necessárias para que o trabalhador digital possa desenvolver a sua atividade num ambiente onde a presença artística se faz notar, bem como a beleza envolvente e o próprio silêncio. Entre estas condições contam-se também os terraços amplos, o acesso a jardins privados, a piscinas e jacuzzis privados.
3. Facilidade ao nível logístico
Portugal não oferece ainda qualquer estatuto especial aos nómadas digitais, como acontece em países como o Dubai ou a Estónia, embora já se comece a falar da necessidade de criação de um visto de trabalho remoto em Portugal.
Aliás, na Madeira já se criou Digital Nomads Madeira, uma espécie de aldeia para nómadas digitais, onde existem espaços de trabalho, locais de atividades e de comunidade, fruto de uma parceria entre a Startup Madeira e o governo regional.
Para entrarem no nosso país, os nómadas digitais podem pedir um visto de curta duração, com estadas até 90 dias em cada período de 180 dias (disponíveis para efeitos de turismo, visita familiar, trabalho sazonal, negócios e trânsito, entre outros) ou o visto de estada temporária (inferior a um ano) ou para obtenção de autorização de residência (válidos para duas entradas e por quatro meses).
4. Infraestruturas de qualidade
Em Portugal, é bastante fácil deslocarmo-nos, acedermos a serviços e resolvermos os nossos assuntos. Hoje em dia aquilo de que mais necessitam, o acesso de qualidade à Internet para que possam manter a sua atividade, está disponível por todo o território e em diversos pontos, sejam eles museus, cafés, restaurantes e esplanadas, ou mesmo em espaços que lhes são especialmente destinados como aqueles que se destinam ao cowork e onde são sempre bem-vindos.
A própria oferta turística nacional começa já a despertar para o nicho de mercado que estes “viajantes” representam e que traduzem estadas mais prolongadas do que o tradicional turista, bem como um maior envolvimento com as comunidades locais.
5. Segurança nacional
Portugal é, sem dúvida, um país seguro, livre de atentados e de conflitos armados e onde a criminalidade não representa um problema e estes aspetos pesam bastante quando um nómada digital elege o seu próximo destino, necessitando de um território onde possa trabalhar e conviver livre de preocupações relativas à segurança.
6. Saúde com facilidade de acesso
Outro aspeto muito importante para qualquer nómada digital é a qualidade dos serviços de saúde. Os nómadas digitais estão dispostos a abdicar de uma morada ou de um automóvel e até da sua estabilidade, mas não dispensam a proximidade de cuidados clínicos, e a verdade é que em Portugal os cuidados de saúde estão presentes em todo o território, sendo ainda de elevada qualidade, o que tranquiliza qualquer viajante.
7. Gastronomia apetecível
Parece um segredo nacional e a verdade é que quem prova a cozinha tradicional portuguesa nunca mais quer outra coisa. A diversidade de pratos e a riqueza gastronómica nacional seduzem verdadeiramente as comunidades internacionais.
Este fator acaba por representar mais um ponto de encantamento e de deslumbre a quem chega e se pensarmos que para um estrangeiro os valores praticados não são excessivos, antes pelo contrário, a verdade é que rapidamente percebemos porque desejam tanto fazer de Portugal uma paragem obrigatória.
8. Gentes acolhedoras
Uma das coisas que os nómadas digitais procuram, além de viajar e de conhecer o mundo, é aquela aproximação com as comunidades locais como se eles próprios as integrassem e que por razões óbvias está vedada ao clássico turista, que chega pontualmente e dificilmente se estabelece por uma longa temporada no mesmo sítio.
Em Portugal as gentes são acolhedoras e amigáveis, na grande generalidade têm formação em diversas línguas e a comunicação estabelece-se muito facilmente, não fosse o português, ele próprio, um explorador nato, sempre ávido por conhecer novas pessoas e novas culturas.
9. Comunidades nómadas muito presentes
Os nómadas digitais buscam também o encontro com a sua própria comunidade, apostando na partilha de experiências, nas dicas que uns transmitem aos outros e no conforto de saber-se parte de uma espécie de “fraternidade” que adere ao mesmo tipo de vida, o que é, sem dúvida, reconfortante.
Esta é uma das razões pelas quais os espaços de cowork se tornam tão populares entre os nómadas digitais e a verdade é que, de norte a sul, Portugal dispõe de inúmeros espaços desta natureza que estão disponíveis para acolher estes trabalhadores.
Por outro lado, também as unidades hoteleiras que agora reconhecem os nómadas digitais como uma forte aposta começam a criar condições para que nos seus espaços seja proporcionada a oportunidade de se encontrarem num ambiente descontraído e de socializarem entre si.
10. Diversidade do país
Em apenas 92.212 quilómetros quadrados, Portugal apresenta uma enorme diversidade quer em termos geográficos quer em termos culturais, sendo difícil eleger uma região como a mais interessante.
Claro que a existência de uma enorme costa pontuada com praias bastante apetecíveis representa uma mais-valia para que tantos nómadas digitais decidam passar pelo nosso país, mas também a riqueza histórica, monumental e cultural são aspetos que não ficam por ignorar, no momento de decidir rumar a Portugal.
